domingo, 26 de julho de 2015

Vendo postagem de um amigo.


Vi a postagem de meu amigo Otavio, que precisa de um palacete para ser feliz, veio-me a mente o meu passado tão, tão distante. Quando eu era criança morava na roça, éramos felizes e não sabíamos! 

Naqueles tempos contíguos, realmente não precisava-se de um palacete, quando o amor acontecia entre dois jovens, todos os povos das redondezas viravam cúmplices desse amor. Num sábado o povo das redondezas se reunião em mutirão (que chamavam na época) para preparar o ninho do amor dois jovens namorados. Era um grande acontecimento, pessoas vinham de longe. Lembro-me: chegavam de madrugadinha, o dia ainda era noite a lua ainda reinava no céu, quando iam chegando os cavalheiros, carroceiros, outros que moravam mais perto. 
" - Vim a pé, era bonito ver! "

Pessoas surgindo de todos os lados do meio da mata, reunindo-se no terreirão de café. Sempre tinha um líder, que dividia as tarefas em grupos. Um grupo era encarregado a ir para o bambuzal, cortar bambus que eram uma das matérias primas da cabana, outros grupos, iam arrancar sapés, para cobertura, outros colheriam os cipós e madeira no meio da mata e um grupo chefiado pelo líder, caminhavam ao local escolhido, para construção da casa. 

Limpavam e já construíam no local para amaçar o barro do reboco. Enquanto os homens, se embreavam pela mata para reunir os materiais da construção, as mulheres reuniam-se nos preparativos das refeições, que normalmente eram oferecidas pelo pai do noivo aos camaradas do “muxirão, ou mutirão”, depende da região. 

As moças amigas da felizarda eram encarregadas de ver o andamento do enxoval da noiva. Eram somente o básico do básico. Uns dois jogos de lençóis feitos de algodão, alguns panos de pratos feitos de saco de açúcar, que normalmente as mães de filhas mulheres vinham juntando ou longo da vida. Destes, as toalhas de banho também eram feitas de sacos de açúcar, com renda tecida nas laterais, muitas vezes feita pela própria noiva. Tinha também os panos bordados que enfeitaria as paredes da casa e panos bordados para forrar as prateleiras do armário da cozinha. 

Enfim, quando chegava o final do dia a casa dos noivos já estava pronta. Para comemorar e também como pagamento, era feito um grande baile no terreirão, onde já estava feito o “balizado”, coberto com lona, para animar a festa, claro que era animado pelo melhor sanfoneiro da região. Pensando bem, era muito lindo isso, sim era um verdadeiro amor.

Rosalina Candida Carvalho
www.facebook.com/rosalinacandida.carvalho

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