sábado, 1 de agosto de 2015

Ela não vem...


Tarde mansa e silenciosa, lá fora a noite vem chegando devagar. Muito se fala do entardecer no campo, nos ruídos dos grilos na relva, no canto dos pássaros que vão diminuindo a medida que a noite avança. A temperatura vai baixando e logo vou precisar de um bom agasalho para me aquecer. Uma chaleira no fogão, já demonstra que a água está quase a ferver, vou meu chá de fim de tarde tomar. Adoro chás nestas horas silenciosas, acendi a luminária lá de fora para deixar a pequena varanda visível para quem chega ao pé da estrada que conduz até a casa. Quem sabe você apareça neste fim de tarde.

Não te mandei convite, foi um erro, mas estavas atarefada com mil problemas para resolver hoje, não quis atrapalhar tua jornada. Bem que desejei te ter ao meu lado, conversarmos bastante, quero te conhecer melhor, olhar de perto. Sentir o aroma de teus cabelos, sentir o toque de tuas mãos nas minhas, ouvir tua voz delicada. Não faltará oportunidade, espero que aceite o convite. Nada mais me deixaria tão feliz se aceita-se. Será bem recebida, com todos os detalhes conferidos, mesa posta, flores na jarra, colhidas no quintal em volta da casa, rosas vermelhas. Nenhuma insinuação quanto a paixão que senti quando te conheci, apenas um lembrete ao meu coração, quem sabe ele se apaixone também.

Não vou acender as luzes da sala, vou ficar na penumbra. Me basta o luar que entra pela janela e me toca delicadamente, me prateia com sua luz, me traz um recado repentino: "-Ela não virá!". 
Como pode afirmar tal coisa, quem te garantiu minha querida Lua. Por acaso é ciúme, quer me afastar dela, acha que é mais bela que tu. Só pode ser isso.

Não faz mal, vou continuar aqui esperançoso, quem sabe ela resolva em última hora, pensar em mim e me procura, nem que seja para me avisar que não pode me achar. Só me resta esperar e tomar meu chá senão esfria, saborear meu pãozinho com queijo minas, meus biscoitos salgados. Os ruídos da noite quase cessaram apenas uma brisa leve tilinta os sinos da sorte, pendurados lá fora na entrada, sobre o balanço de dois lugares coberto de almofadas, onde iria te namorar.

Gerson Araujo Almeida

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