de Rosalina Cândida de Carvalho
sarathanjoazul@hotmail.com
Voltei até 1958 quando tinha seis anos. Morávamos numa casa de pau-a-pique coberta de sapé, numa fazenda próxima a Ibaiti, interior do Paraná. Tudo parecia real, estávamos nos mudando. Papai não encontrara alternativa, já que necessitava daquele trabalho, e as casas de madeira estavam todas ocupadas. Ele aceitou aquela casinha que mais parecia um paiol. Uma trilha começava próxima da casinha e seguia até um riozinho que serpenteava pelo sítio. Naquele tempo, os rios ainda não haviam morrido e sua água límpida oferecia o suprimento de todas as necessidades da família.
Nas margens desse rio erguia-se uma imensa amoreira. Galhos arqueados cobertos de robusta folhagem faziam-na assemelhar-se a uma aconchegante cabana. Ali eu encontrara o meu refúgio. Naquele mundo encantado me escondia quando estava triste e chorava escondida de mamãe. Ali também falava com Deus; fazia a Ele muitas perguntas sobre minhas dúvidas…, sem que o eco de uma resposta pudesse minorar meu sofrimento ou satisfazer meus porquês de criança introspectiva e curiosa.
Um dia, ao voltar para casa, percebi que mamãe estava triste. Chorava baixinho para não percebermos. Perguntei-lhe por que chorava, ela disse que a família ia aumentar, e as colheitas não estavam boas. Éramos sete irmãs e dois irmãos, por que mais um faria diferença? Para uma criança como eu, as coisas pareciam tão simples!
Nenhum sofrimento, porém, consegue suplantar a alegria de um presente de vida. Foi uma festa para nós a chegada de meu irmãozinho. Todos sugeriam nomes, mas o que a todos agradou foi o de minha irmãzinha, Marli. Ela tinha três aninhos.
Rosalina Cândida de Carvalho
sarathanjoazul@hotmail.com
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