domingo, 22 de maio de 2016

Voltar é o que mais desejo.


Estás mais que certa, 
aquele vulto que observas 
e projeta sombra na vidraça de tua janela,
sou eu.
Apenas a tênue luz do poste da esquina 
me denuncia, 
quando me aproximo mais, 
para tentar vislumbrar tua desejada imagem.

Já percebi que me observas calada 
e quase imóvel.
Quando vai me convidar para entrar?
São tantas as noites que venho sem avisar, 
mas parece que advinhas minha presença.
Deve ser algum sexto sentido aguçado que temos.
Vai..., abre a porta e me deixa entrar, 
quero sentir o teu aroma, 
o teu corpo presente junto ao meu.

Já virou minha rotina, 
todas as noites me peregrino até aqui,
na esperança de realizar meus desejos contigo.
Creio que pensas o mesmo, 
me tomar de assalto 
e nos amarmos sem pecado.

Só me vou, nas primeiras luzes do dia,
no amanhecer sonolento quando a luz assume 
e expulsa as sombras,
como sombra me afasto.
Nada digo, nada deixo anotado, 
me vou simplesmente.
Te deixo com a sensação que não vou voltar.
Embora seja o que mais desejo.

Gerson Araujo Almeida
(Inspirado no poema de Débora Benvenuti A Vidraça)
http://ilusoesdeoutono.blogspot.com.br/2016/05/a-vidraca.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário