segunda-feira, 23 de maio de 2016

Palavras


ANINHA LEITTE 

Sempre tive fascínio pelas palavras, por todas elas: as duras, as açucaradas, as mornas, as triste, as engraçadas, as que parecem dançar... 

Sim! Existem palavras que dançam: balangandãs, xiquexiques, tilintar, iaiás... São exemplos de palavras bailarinas. E têm aquelas que desmancham na boca, feito algodão-doce ao serem ditas: lilás, anis, alcaçuz, flamboaiã- penso que flamboaiã deveria ser nome de doce! 

Ou ainda as robustas que se faz necessário encher a boca para dizê-las: pachorra, arcabouço, alpendre, recôncavo... 

E aquelas que poderiam ser outra coisa: detergente, podia ser policial! Sentinela sinônimo de empatia? Loucura seria a cura. E tantas outras poderiam ser ao pé da letra, se letra tivesse pé: deleite, computador, debalde... 

Elas sempre me estiveram ao alcance das mãos, na ponta da língua, no livro de cabeceira, no desabafo em manuscrito, no verso, matéria prima, rima...

Cresci rodeada de palavras, sou o resultado de todas elas, da mais edulcorada à mais acre. Das que dançam, das perenes, das que eu interpreto ao pé da letra, das que eu não coloco tino nem dou sentido, das malditas, das não ditas... 

Sou palavras!


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