quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A menina inocente


Quando passa, 
chama a atenção com seu olhar de criança,
cheia de balas e doces nas mãos.
 Caminha pela ladeira afora, com pés no chão

Sobe e desce morro,
brinca, grita, foge das cenas tristes da vida.
É sonhadora, inteligente, tem corpo de boneca,
como princesa, se veste

Seu olhar, claramente inocente,
não sabe das maldades que a vida lhe rodeia.
Muitos de olho em sua beleza.
Chama a atenção serenamente.

A menina inocente nunca sequer dançou,
nunca sequer beijou, nunca amou.
Nem conheceu, ao descer e subir as ladeiras, 
um amor.

Caminhou por vários anos pelas ruas,
mas nunca percebeu que o mundo era uma escola.
Estudou pouco e se feriu mais que aprendeu.
Chorou muito mais que sorriu,
sofreu..., sofreu..., sofreu...

Com certa idade, ainda continua inocente,
não conheceu o calor dos lábios, os delírios da vida.
Sequer encantou-se com o sapo.

Se perdeu no Rio, 
coitada da menina inocente.
Sofre porque não teve quem lhe mostrasse o caminho da maldade.
Coitada da inocente menina,
Chora pelo passado que foi atropelado e atribulado.

Se ela pudesse contar os degraus da ladeira,  
as escadas que subia e descia.
Talvez não se machucasse tanto 
com a crueldade e a falsa inocência da rua.
Sobraram apenas marcas, cicatrizes em seus pés.
Pois pisou em vários espinhos.

Hoje, é uma mulher,
mas ainda continua uma menina.
Sem vida, sem amor, iludida. 
Inocente, carente e sem maldade.
No fundo brinca ainda de boneca.
Porque é inocente, uma grande menina ainda carente.

Claudia Silva Furtado

Nenhum comentário:

Postar um comentário