domingo, 12 de outubro de 2014

Meu carrinho de rolimã.


De tábua comum,
feito artesanalmente, parafuso e pregos
e rolamentos de aço,
que chamávamos de rolimã.

Sempre andava lubrificado.
Apanhava, na garagem do fim da rua, 
óleo queimado. 
Com os colegas, 
subíamos as ladeiras do bairro 
e nos lançávamos..., ladeiras abaixo. 

Sem capacete protetor, 
sem joelheira, nem luvas..., 
eram muito caras. 
Nossas mães, apavoradas, 
nos olhavam dos portões. 
Acho que no íntimo, 
rezavam a seus deuses, 
pedindo proteção. 

Quase sempre um se machucava, 
era só levantar, jogar água 
e o ferimento secava. 
Embora as ralações ardessem, 
dos tombos frequentes, continuava. 

 Aos gritos: " - Sai da frente!"
aos transeuntes desatentos, 
nossa desabalada corrida, 
pelo menos meio dia rendia. 
As vezes desciam dois ou três de uma vez, 
ajudados pelos candidatos subsequentes, 
a nossa louca e desembestada descida. 
Ganhávamos assim, maior velocidade. 

 Manobras radicais eram frequentes, 
cavalos de pau, rodando em nossos eixos, 360 graus,
não tínhamos freios, era tudo na coragem.
Impressionavam as meninas que nos assistiam e torciam. 
Pés descalços, sujos e machucados, 
roupas rotas e bem sujas, 
eram nossos uniformes de competição, 
nada bonito ou luxuoso, 
quase sempre voltávamos piores ainda para casa, 
mas orgulhosos de nossas façanhas. 

 Como foi bom este tempo, 
muitos que ainda habitam este mundo, 
se lembram. 
Aos que se foram, 
muita saudade de nossas peripécias 
que hoje não permitiríamos a nossos filhos, 
seria loucura. 

 Gerson Araujo Almeida
www.facebook.com/gerson.araujo.5

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