domingo, 21 de abril de 2013

Esmeraldo de Situ Orbis (O Brasil antes de Cabral).




Em relação ao descobrimento do Brasil, apresenta informações no segundo capítulo da primeira parte. Resumidamente, o trecho relata:

"Como no terceiro ano de vosso reinado do ano de Nosso Senhor de mil quatrocentos e noventa e oito, donde nos vossa Alteza mandou descobrir a parte ocidental, passando além a grandeza do mar Oceano, onde é achada e navegada uma tam grande terra firme, com muitas e grandes ilhas adjacentes a ela e é grandemente povoada. Tanto se dilata sua grandeza e corre com muita longura, que de uma arte nem da outra não foi visto nem sabido o fim e cabo dela. É achado nela muito e fino brasil com outras muitas cousas de que os navios nestes Reinos vem grandemente povoados."

É, assim, o primeiro roteiro de navegação português a mencionar a costa do Brasil e a abundância de pau-brasil (Caesalpinia echinata), nela existente. No Atlântico Sul, entre as ilhas oceânicas, apresenta, com suas "ladezas" (latitudes) conhecidas à época:

A ilha de Sam Lourenço (ilha de Fernando de Noronha);
A ilha d'Acensam (ilha da Trindade);
A ilha de S. Crara (ilha de Santana, ao largo de Macaé) e; O cabo Frio.
Ainda no Atlântico Sul, omite, nessa lista, a ilha de Santa Helena e a atual Ilha de Ascensão.

O manuscrito era, de fato, tão precioso, que, em 1573, uma cópia foi remetida secretamente para Filipe II da Espanha por um espião italiano, Giovanni Gesio, a serviço na embaixada espanhola em Lisboa. Pela missão, Gesio foi regiamente recompensado, encontrando-se o recibo do pagamento pelos seus serviços atualmente na biblioteca do Mosteiro do Escorial, na Espanha. O manuscrito só veio a ser publicado em 1892, a partir da localização de duas cópias: a primeira numa biblioteca de Lisboa e a outra na cidade portuguesa de Évora. De acordo com um dos mais importantes biógrafos de Duarte Pacheco Pereira, o historiador português Joaquim Barradas de Carvalho, que viveu exilado no Brasil na década de 1960, o "Esmeraldo de situ orbis", mais do que um roteiro de viagem, é uma obra de erudição e uma síntese de todos os conhecimentos de navegação acumulados pelos portugueses nos séculos XIV e XV.

(Diffie, Bailey. Foundations of the Portuguese Empire, 1415–1580. [S.l.]: University of Minnesota Press, 1977. ISBN 0816607826 Página visitada em 2011-06-16).

Original:  Bemaventurado Príncipe, temos sabido e visto como no terceiro anno de vosso Reinado do hanno de nosso senhor de 1498, donde nos vossa alteza mandou descobrir a parte oucidental, passando alem ha grandeza do mar oceano, onde he achada a navegada hûa tão grande terra firme, com muitas e grandes ilhas ajacentes a ella, que se estende a setente graaos de ladeza da linha equinoçial contra ho pollo artico e posto que seja asaz fora, he grandemente pouorada, e do mesmo circulo equinocial torna outra vez e vay alem em vinte e oito graaos e meo de ladeza contra ho pollo antartico, e tanto se dilata sua grandeza e corre com muita longura, que de hûa parte nem da outra foy visto nem sabido ho fim e cabo della; pello qual segundo ha hordem que leua, he certo que vay en cercoyto por toda a Redondeza.

De acordo com a recente pesquisa do historiador português Jorge Couto, da Universidade de Lisboa, a obra esteve perdida durante quase quatro séculos, devido à natureza das suas informações. O seu título encontra-se cifrado: "Esmeraldo" -, é um anagrama onde se encontram associadas as iniciais, em latim, dos nomes de Manuel (Emmanuel), o soberano, e Duarte (Eduardus), o cosmógrafo. "De situ orbis" pode ser traduzido como "Dos sítios da Terra", título da obra de Pomponius Mela, o mais científico dos geógrafos romanos, que terá inspirado Duarte Pacheco Pereira.

O título "Esmeraldo de situ orbis", significa, dessa forma, "O tratado dos novos lugares da Terra, por Manuel e Duarte". O soberano, entretanto, considerou tão valiosas as informações náuticas, geográficas e econômicas reunidas na obra que jamais permitiu que ela viesse a público. A obra consistiria num minucioso relato das viagens de Duarte Pacheco Pereira não só ao Brasil (a quem se atribui o descobrimento, anteriormente a Pedro Álvares Cabral), como à costa de África, principal fonte da riqueza comercial de Portugal no século XV.

O Esmeraldo de situ orbis é um manuscrito de autoria do cosmógrafo português Duarte Pacheco Pereira.
Dedicada ao rei D. Manuel I de Portugal (1495-1521), a obra foi montada em cinco partes, com um total de duzentas páginas, em 1506. Conforme descrito nas próprias palavras do autor, trata-se de uma obra de "cosmografia e marinharia". Apesar do título em latim, foi escrita em língua portuguesa, contendo as coordenadas geográficas de latitude e longitude de todos os portos conhecidos no seu tempo.

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